Saúde da mulher

TPM não é brincadeira: Conheça os diferentes sintomas

Entenda qual é o limite entre os sintomas normais da TPM e os sinais de um possível transtorno disfórico

Foto: Divulgação - DP -

Muitas vezes tratado como motivo de piadas ou brincadeiras e podendo ser considerado até um exagero para alguns, o conjunto de sintomas que podem ocorrer todo mês, em um período que antecede o da menstruação, conhecido como TPM (Tensão Pré-Menstrual), é uma condição que pode causar alterações físicas, emocionais e comportamentais nas mulheres.

Segundo Clarissa Lisbôa Arla da Rocha, ginecologista e professora da disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), para cada mulher, a TPM, chamada atualmente como Síndrome Pré-Menstrual, é sentida e vivida de maneira diferente. Com sintomas que vão desde cólicas e sensibilidade e, em outros casos, em que os sintomas podem acompanhar quadros até mesmo incapacitantes e assim indicar um problema mais sério. “Esse conjunto de sintomas emocionais, físicos, alterações no humor e bem-estar e até comportamentais que ocorrem na fase lútea do período menstrual, que inicia após a ovolução e vai diminuir, amenizar ou cessar os sintomas logo após a menstruação. Algumas mulheres podem ter leves, moderados e graves sintomas”, explica.

“Nos casos de síndrome, a paciente vai apresentar os sintomas desde a puberdade até a menopausa. Mas como tudo em medicina, como tudo no organismo humano, não segue uma receita de bolo, não segue à risca como os dados que se têm na literatura. Então, algumas mulheres vão sentir todos os sintomas por vezes mais graves, algumas de forma moderada e outras podem nem apresentar. Esse acompanhamento vai ser muito individualizado de cada mulher, de cada adulta jovem“, explica Clarissa.

A especialista destaca que a manifestação mais severa dessa série de sintomas é conhecida como Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) e pode interferir seriamente na saúde do corpo e da mente dessas mulheres. “As mulheres têm ciclos menstruais, da menarca até a menopausa, 50% a 80% de todas as mulheres vão ter sintomas pré-menstruais, isto está documentado. Dessas, algumas com Síndrome Pré-Menstrual com todos os sintomas vão ser de 30% a 40% e, destas, o percentual menor de 3% a 2% terão o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, que é a forma mais grave e o diagnóstico é feito através de alguns critérios de tabelas que classificam como síndrome ou transtorno, além de uma anamnese e um exame físico.”

Fase lútea
Considerado uma das etapas do ciclo menstrual, este período tem início logo após a ovulação, com duração aproximada de 14 dias e se estende até o dia anterior da próxima menstruação. O desenvolvimento dessa fase varia se o óvulo for fecundado ou não. Dessa forma, se a mulher não engravidar, a etapa se caracteriza como Síndrome Pré-Menstrual. Durante a maior parte da fase lútea, a concentração de estrogênio é alta.
Desta forma, a TPM é o conjunto de sintomas que antecedem a menstruação, sentidos pela maioria da população que menstrua. Durante esse período, hormônios como o estradiol e a progesterona influenciam neurotransmissores do bem-estar, como a serotonina, afetando o humor e causando sensibilidade.

Entre os sintomas mais comuns da síndrome estão:

Irritabilidade
Tristeza
Cansaço
Inchaço das mamas
Dor nas pernas ou no corpo todo
Cólicas
Acne e alterações no apetite

Outros sinais ainda podem aparecer, variando de pessoa para pessoa, e esse fenômeno pode ter início logo na primeira menstruação, conhecida como menarca, que costuma acontecer ainda na adolescência.

TDPM
Apesar de ter o mesmo princípio da síndrome, o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é considerado um estado mais grave. Isso porque as características interferem diretamente no estado emocional, afetando bruscamente a qualidade de vida dessa mulher. A ginecologista explica que para classificar o transtorno é necessário uma minuciosa consulta, analisando todos os sintomas relatados durante o período menstrual, um exame físico, a fim de verificar os sintomas que a paciente relata conviver. “Quando a paciente tiver até três dos sintomas, é considerado que tem a síndrome de forma leve. Quando até quatro, uma forma moderada. E quando estiver associado a sintomas depressivos e alterações maiores de humor, aí sim é considerado Transtorno Disfórico Pré-Menstrual”, explica a ginecologista.

Existe tratamento?
Conhecer o próprio ciclo é uma boa maneira de se preparar para os dias de desconforto. Evitar momentos de estresse, ter uma alimentação balanceada e praticar atividade física são técnicas que podem funcionar para a TPM comum. Para saber a melhor forma de aliviar possíveis dores de cabeça ou cólicas, é importante a orientação do médico e manter o acompanhamento.

A intensidade e variedade de sintomas podem estar relacionadas também ao estilo de vida da mulher. A médica sugere a prática de exercícios físicos, que podem ajudar a diminuir cólicas e melhorar o humor através da liberação de endorfina, o hormônio do bem-estar. “Os alimentos são capazes de auxiliar especialmente nos sintomas relacionados ao aumento da inflamação corporal, mas é importante entender que não é um alimento de forma pontual que vai melhorar os sintomas, mas uma alimentação equilibrada e saudável, a prática regular de atividade física, o controle do estresse e o menor consumo de bebidas alcoólicas e cigarro”, acrescenta.

Já no caso do TDPM, o tratamento varia caso a caso. A principal recomendação é regra para todos: manter uma vida saudável, ao perceber que os sintomas são persistentes, incômodos e afetam a qualidade de vida, a orientação profissional a fim de encontrar o melhor tratamento é fundamental.

Principais sintomas relatados

Depressão e melancolia
Autodepreciação e confusão com a própria imagem
Aumento da irritabilidade de forma persistente
Isolamento e mudança de hábitos sociais
Cansaço e falta de energia
Instabilidade afetiva
Muito sono ou ausência dele
Alteração no apetite e/ou compulsão alimentar
Dificuldade para realizar tarefas cotidianas e falta de concentração
Sensação de inchaço generalizado, dores de cabeça e por todo o corpo

Tratamento
Para o tratamento, podem ser administrados o uso de anticoncepcional oral, seja ele estrogênio e progesterona, combinado com o uso de antidepressivo, quando necessário. Em casos diagnosticados como mais severos, a cirurgia pode ser uma das opções. Mas, segundo a ginecologista, esta não é uma forma habitual de tratamento. “Muitas vezes essas medicações juntas são uma opção para melhorar, aliviar ou suprimir os sintomas, mas vamos individualizar o tratamento, vendo se é possível combinar, o que será combinado e como será o resultado nesta paciente. Já a cirurgia é o ultimo recurso, somente para casos realmente incapacitantes do transtorno, que só iremos cogitar após ter tentado de todas as formas de terapia. E, mesmo assim, é importante que esta mulher já tenha a sua prole definida, pois é bastante invasivo”, explica.

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